quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bomba em avião no Reino Unido iria explodir nos EUA, diz Scotland Yard

Um pacote-bomba encontrado em um avião de carga no Reino Unido no final de outubro estava programado para explodir sobre a costa leste dos EUA, informou a polícia britânica nesta quarta-feira. Em Washington, a Casa Branca disse que as descobertas anunciadas pela Scotland Yard revelam quão sério seria o ataque.

"Exames indicaram que se o artefato tivesse sido ativado, isso seria às 10h30 BST [7h30 em Brasília] na sexta-feira, 29 de outubro de 2010", informou hoje a polícia britânica em comunicado. "Se o artefato não tivesse sido removido da aeronave, a ativação poderia ter acontecido sobre a costa leste dos EUA."


Ao menos duas bombas foram enviadas dentro de cartuchos de impressoras, em pacotes despachados por aviões de carga do Iêmen rumo a Chicago, nos EUA. Após uma pista fornecida pela Arábia Saudita, os pacotes-bomba foram encontrados em Dubai (Emirados Árabes Unidos) e em East Midlands (Reino Unido).


A polícia britânica disse que o avião de carga chegou ao aeroporto de East Midlands às 2h13 do dia 29 de outubro (23h13 do dia 28, em Brasília), vindo de Cologne, na Alemanha. A bomba só foi desativada por especialistas em explosivos quando eles removeram o cartucho de tinta da impressora por volta das 7h40 (4h40 em Brasília) --menos de três horas antes do horário previsto para a explosão.

Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Nicholas Shapiro, disse: "Nós apreciamos muito a natureza altamente profissional da investigação do Reino Unido e o espírito de parceria com o qual as autoridades britânicas têm tratado esse assunto."

Ele elogiou os esforços de profissionais da lei e de inteligência no Reino Unido, nos Emirados Árabes Unidos, na Arábia Saudita e nos EUA, e disse que vão continuar a trabalhar juntos "para responder e conter a ameaça imposta pela Al Qaeda na Península Árabe".

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse no mês passado que não descartava que a bomba tivesse sido programada para explodir sobre o Reino Unido. Na semana passada, o ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, disse que um dos pacotes-bomba foi desativado apenas 17 minutos antes de explodir.

A Qatar Airways confirmou que o pacote de Dubai foi transportado em um de seus voos de passageiros partindo da capital iemenita, Sanaa, com escala em Doha.

O braço da Al Qaeda no Iêmen reivindicou a responsabilidade pelo plano e também assumiu um atentado envolvendo um terceiro avião de carga da empresa UPS (United Parcel Service) ocorrido em setembro. A Al Qaeda na Península Árabe divulgou um comunicado dizendo que continuará a combater os interesses americanos e ocidentais. O grupo disse especificamente que vai ter como alvo aviões civis e de cargas.

AL QAEDA

"Acertamos três golpes em seus aviões em um único ano. E se Deus quiser, vamos continuar atingindo os interesses dos americanos e de seus aliados", disse a Al Qaeda na Península Árabe em mensagem publicada em sites militantes.

As informações foram divulgadas pelo grupo de vigilância de sites islâmicos SITE na sexta-feira (5). De acordo com o SITE, a rede postou uma mensagem em fóruns na internet sobre a "jihad" e fez um apelo pelo envio de mais pacotes-bomba para "aumentar o círculo dos envios e incluir aeronaves civis do Ocidente, além de mais aviões de carga".

A autenticidade da afirmação não pode ser imediatamente verificada. Um representante da inteligência americana disse que as autoridades não estão surpresas com essa declaração agora. Uma autoridade americana, no entanto, disse que os EUA não podem confirmar no momento a participação do grupo no incidente de setembro.

IMÃ RADICAL

O imã radical americano-ienemita Anwar Al Awlaqi pediu nesta segunda-feira que os americanos sejam mortos "sem hesitar", em uma mensagem de vídeo postada na internet.

Awlaki, que nasceu no Estado americano do Novo México e cresceu alternando estadias nos EUA e no Iêmen, é suspeito de ligação com a rede terrorista Al Qaeda e extremistas que participaram de pelo menos três atentados contra os EUA. No sábado (6), a Justiça iemenita decretou sua captura "vivo ou morto" por coautoria na morte de um francês. Ele é procurado ainda pela CIA, a agência de inteligência americana.

Al Awlaki possui centenas de vídeos na internet nos quais dá sermões em árabe e inglês. Considerado ultrarradical pelos EUA, o imã faz pregações na internet convocando militantes e simpatizantes a participar de uma guerra santa contra o país. Em algumas das gravações Al Awlaki prega sobre os benefícios de se morrer em nome da religião.

"Não consulte ninguém ao matar americanos", afirmou Awlaqi, considerado persona de grande influência nos militantes, em um vídeo de 23 minutos. "Para matar o demônio não é preciso nenhuma fatwa (decreto religioso)".

"Somos nós ou são vocês", enfatizou Awlaqi dirigindo-se aos americanos. O conteúdo do vídeo foi divulgado pelo site de vigilância de sites islamitas SITE.

Awlaqi criticou ainda os líderes iemenitas de corruptos e disse que está na hora dos clérigos assumirem o poder.

No vídeo, o pregador sunita afirma que a região é cenário de um "conflito entre Estados Unidos e Israel, por um lado, e Irã, pelo outro". "As primeiras vítimas do Irã (de maioria xiita) serão os povos sunitas do golfo".



Fonte: Folha.com



Sem comentários:

Enviar um comentário